quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

É trampo galera, chora elite

A cena é trampar, Ferréz faz a dele do seu jeito e sem se entregar ao sistema, as vezes radical. Mas nunca falso. É raro ver a mídia publicar algo ao seu respeito.
Agora sai uma matéria muito boa. Muitos jornalistas comentem erros, mas está realizou uma matéria impecável sobre o trabalho da grife 1 da Sul.
Leiam a abaixo a matéria que saiu no blog
http://ultimamoda.folha.blog.uol.com.br/
E tire suas conclusões.
1DASUL. CONHECE?.
A grife 1DASUL é um exemplo de sucesso à brasileira. Surgiu em 1999, com pequeno capital, e se mantém de pé sem anunciar em TV, jornais e revistas e sem aparecer em nenhum editorial de moda. No ano que vem, completará dez anos de existência e, em março de 2008, abriu sua segunda loja própria em São Paulo.
Criada pelo rapper e escritor Ferréz, a 1DASUL não está na pauta da moda brasileira, embora seja a primeira e única grife criada e mantida na periferia de São Paulo _ se alguém souber de outra nesses moldes, por favor, me corrija. O berço da marca é o Capão Redondo (uma das lojas fica no bairro, e a outra, em Santo Amaro), região que muita gente só conhece pelas páginas policiais (e às vezes nem assim), mas que abriga movimentos e iniciativas culturais surpreendentes. Uma delas é a 1DASUL.
A 1DASUL não tem complexo de Paris, não está esperando pelo "selo de qualidade" do circuito internacional. Também não é uma instituição de caridade, é uma marca que está no mercado, que produz e vende como qualquer outra. Mas prefere investir numa parcela da população completamente ignorada por muitos top-fashionistas do país em suas infinitas discussões sobre a mítica questão da "identidade da moda brasileira". A grife de Ferréz fala com os moradores das (imensas, gigantescas e muito populosas) regiões periféricas das metrópoles, pessoas deixadas à margem do sonho dourado fashion (só para citar um deles) do Brasil .
Lá a tendência é o que a galera gosta de usar. Moletons de presença, bermudas, bonés bordados, camisetas bacanas estampadas por artistas de rua da região e de outros bairros de periferia. Os preços não ofendem a inteligência de ninguém. A grife tem um monte de comunidades no Orkut, ficou conhecida em outros estados. Grupos de rap ajudam na divulgação. Assim, sem alarde. Sem afetação.
E Ferréz conseguiu um feito genial, que merece toda a atenção. Muitos meninos e meninas que se apertavam para comprar roupas (caras) de grifes gringas de streetwear, passaram a usar 1DASUL. E, de repente, uma grife criada no Capão Redondo conseguiu, em diversas situações, superar o status de uma gigante como a Nike, por exemplo!!!!
Vejam só, uma grife conseguiu ajudar um jovem a deixar de ter vergonha de morar na periferia. Conseguiu dizer de alguma forma que a criatividade, a pegada cool e a beleza também brotam _e como brotam!_ por lá. Produziu uma rachadura (mesmo que seja uma rachadura microscópica diante da complexidade da questão social no Brasil) num ciclo perverso de humilhação e injustiça.
E "derrepentemente" (acho esse neologismo incrível!), uma grife conseguiu "falar" de algo além da marca em si, além do dinheiro, além do status. E não é coisa de gangue, não é segregação às avessas. É comunicação e ato (legítimo) de justiça e fraternidade.
Quer revolução na moda? Tá aí. Quer exemplo bem-sucedido de negócio a ser incentivado e seguido para acabar com o chororô de muita gente? Tá aí. Quem tiver olhos, veja.
Escrito por Vivian às 21h09

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